domingo, 19 de outubro de 2008

Não te entendo, não quero te endender, me esqueci de quem você era por me julgar a querer saber, eu me sinto arrogante por querer te mostrar aquilo que não consigo ainda viver, você não vê em mim o que pretende viver...não há sonhos, nem caminhos traçados...há apenas desencontros, mostrai-me Senhor novamente o caminho para poder retomar aquilo que tenho perdido,deixado escorrer pelos dedos sem querer transbordar...Não sou digna de Ti, de nada entendo de Ti para poder te levar aos outros. Convertei-me Senhor a cada instante, pois tão longe me sinto de Ti para poder ser Luz para os outros, que mesmo na escuridão a sua luz lá longe seja a minha referência. Me perdoe por tanto falar pouco viver. Não fazei-me capaz, mas, humilde para reconhecer que nada sou mesmo, e sem Tu, nada conseguirei ser.

terça-feira, 8 de julho de 2008

O céu de São Luiz

O céu
o seu
sul azul.
Na retina
brilha nítida imagem
do céu.
A terra é pobre,
mas, o céu
Ai, meu Deus!
Como o céu do sul
é azul.
No inverno
como o céu
desfaz o inferno
como o celeste
é sempre sereno
como o azul
inspira a sorte.
E onde até as cores
foram esquecidas
como é forte
o azul que brilha no sul.

domingo, 29 de junho de 2008

Que definam a diferença entre compreensão e entendimento.

Dos males.

A verborragia muitas vezes é uma necessidade de dar-se, entregar-se, superar-se...de todos os males é o menor. Cão que ladra não morde.
Mas o que é falar sem parar não inconstância de saber se está sendo ouvido?
Quando saber que estamos sendo compreendidos?
"Fazei-me (...)mais compreender que ser compreendido."
Não ser entendido. De todos os males om pior.
Querer ter certezas. Determinismo convicto, e inútil.

Sutilezas

Quando ele não está atento ela some...

Quando ser não é o bastante

Ela sendo,
foi.
Se foi.
Se sendo não fosse,
não iria.
Não suportaria.
Se só fosse,
Não seria.
Ela sendo é
o que é.
O que ela era?
Não sabia.
Se soubesse,
não iria.
E se ela se fosse?
O que seria?

Senhor, dai-nos força!

Se fosse tão fácil assim,
estar feliz querendo me esquecer de mim.
Aceitar a dor.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

As coisas que ele diz que eu faço

Por mais que eu precisasse ouvir as coisas que ele sente, são as coisas que ele faz que me dizem mais.
Não pensei que Deus poderia ser tão generoso para comigo.
Tão simples...o que ele faz é sempre tão inesquecivelmente simples...é querer amar. Querer viver a unidade.
Não sabia que de tanto que ele me faz, eu de pouco pareço fazer-lhe tanto.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Para o Presente

Cristo foi muito claro quando disse que para segui-Lo, deveríamos largar tudo, não olhar para trás, deixar que os mortos enterrem seus mortos, e quem perder sua vida por causa Dele, na verdade a ganhará.
Somos covardes, não temos coragem de perdermos a nossa vida, nossas preocupações excessivas, nossas desejos egoístas. Não temos nem coragem de , muitas vezes, ficarmos calados e nos humilharmos para poupar o próximo, pra mostrar que queremos amar acima de toda dificuldade.
Somos orgulhosos, pedimos que Ele faça a sua Vontade, e além de fazermos a nossa parte, queremos fazer também a parte Dele, pois, não confiamos o bastante, somos medrosos, achamos que Ele no fundo não sabe o que é que nos faz feliz e que nós é que sabemos. Somos prepotentes.
Largar tudo e seguir Cristo, é aceitar as graças do presente, e nos esforçarmos para deixar nossos pensamentos que nos atormentam e tentar ver Cristo a nossa volta, é amar as pequenas coisas, pois pequenos milagres acontecem a cada instante, a vida por exemplo. A alegria perfeita é saber que Deus existe, e isso basta. E, nosso consolo é saber que Ele veio e morreu pelos pecadores, e não pelos justos.
“Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá suas preocupações próprias.A cada dia basta o seu cuidado.” (Jesus de Nazaré)
O momento de amar é agora, pois quais são realmente as nossas certezas para o amanhã?

Sobre a última poesia do amigo do Vitor

Quero caminhar…caminhar…amar e amar, para que um dia eu consiga dizer sem medo e com alegria: “Meu Senhor, pode me levar!”.
Quero aprender a oferecer minhas angústias, por mais que me doa falar. Aprender a aproveitar as oportunidades que, muitas vezes desapercebidas, Ele me concede para poder mudar, parar de reclamar, começar a sorrir, confiar.
Quero aprender a amar meus sofrimentos ao longo do caminho, compreender a cada dia mais como é se entregar totalmente a Ele, como é sorrir nas adversidades, como é ser fiel a Ele e perseverar no amor. Sei que não é fácil, muito menos uma resposta pronta e instantânea, essa descoberta é um caminho. E o caminho com Ele não é uma garantia de acertos perfeitos, é um caminho de muitas quedas também, e de escuridão às vezes, mas, nosso conforto será sempre Ele, e Ele será nosso apoio e nossa luz. Estar nas mãos Dele, acho que é não querer escrever um caminho em linha reta, pois qualquer desvio poderia se tranformar numa paralela que tende ao infinito. Acho que é aceitar andar em caminhos curvos, pois se desviarmos um pouquinho que seja, Ele conseguirá nos conduzir mais facilmente para o caminho certo. Acho que é construir o caminho com Ele e sem medo.
Quero que Deus me recebe com uma grande risada e que eu rindo também possa responder: “Pois é, obrigada, eu aprendi com o Mestre!”

Os patins de Vitor

Quando vivemos o momento presente, simples coisas são capazes de nos trazer felicidade, ou quando fazemos isso, somos capazes de enxergá-las.
Nossa existência é complexa e não complicada. Nossos planos se tornam difíceis ou são abandonados porque nós adiamos sempre o primeiro passo, aquele que depende apenas do nosso sim, o que incluiu nossa vontade, nossa coragem e determinação.
Lamentamos porque não sentimos mais a adrenalina de ultrapassar nossos próprios limites, a sensação libertadora do risco e velocidade, o sentimento entusiástico de se perceber que somos mais humanos do que pensamos, de que podemos ser mais, pelo simples fato de termos rodinhas nos pés, e isso faz toda diferença.
Fiquei um dia entusiasmada com um largo sorriso só de visualizar os trajetos que meus olhinhos quase negros percorriam sobre 8 rodas(4 para cada pé, alinhadas numa reta). Acompanhada de um sentimento de risco e de "Ai, meu Deus! Esse menino é mais louco do que eu pensava!", outro sentimento vencia todo o receio por ele e sua segurança, um sentimento de orgulho e de "E, como eu gosto disso!"
Minhas palavras se resumiam a "Nossa!" a cada vez que ele me falava que já tinha pulado por aquelas escadas, que já tinha descido aquela longa íngrime ladeira, que já tinha pulado de cima daquele muro, que já tinha despistado alguns seguranças com suas rodinhas, que já tinha se estourado todo tentando fazer aquela manobra...e meus olhos brilhavam cada vez mais.
Dentro de mim apenas dizia: "Que máximo! Meu namorado anda de patins!"

10:23 AM

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Coleção de afetos, coleção de saudades

Eu tenho uma coleção de saudades. A cada dia que passo me sinto impotente diante das saudades que quero deixar de ter, das coisas que gostaria de fazer, mas por covardia não faço, dos afetos que gostaria de guardar e não guardo, de ajudar a coleção de alguém. Sinto saudades de coisas que não vivi, de sonhos que ainda não tive...tenho saudades de mim mesma, de quando me lembro de quão simples é querer ser feliz, e a saudade vem quando me esqueço disso. Sinto saudades também de ser amiga do meus amigos, de escutá-los mais, de não querer ser sempre pra eles uma outra saudade ou uma saudade qualquer. Posso ser muito nostálgica, mas quem disse que se precisa ter vergonha por ser assim?

Sobre as preferências

Minhas preferências são também assim tão simplesmente complexas. Chego a suspirar quando lembro-me o porquê das minhas escolhas serem estas.
Um fogo de artifício é um explosivo dotado de um pavio para iniciar a combustão. A combustão inicial provoca a rápida ascensão do foguete, que a certa altura explode violentamente. São para criar um efeito ruidoso ao acontecimento, e como meio de aviso de que algum acontecimento está iniciando ou terminando. Assim, prefiro a longevidade das estrelas à euforia dos fogos efêmeros.


E o papa Bento na encíclica sobre a Esperança Cristã diz:
“A vida humana é um caminho. Rumo a qual meta? Como encontramos o itinerário a ser seguido? A vida é como uma viagem no mar da história, com frequência enevoada e tempestuosa, uma viagem na qual perscrutamos os astros que nos indicam a rota. As verdadeiras estrelas da nossa vida são as pessoas que souberam viver com retidão. Elas são luzes de esperança. Certamente Jesus Cristo é a luz por autonomásia, o sol erguido sobre todas as trevas da história. Mas para chegar até ele precisamos também de luzes vizinhas, de pessoas que dão luz recebida da luz Dele e oferecem, assim, orientação para nossa travessia.”
Sua Rosinha deve ser uma dessas luzes pra você.

Sobre amigos, repouso e felicidade

Vemos que temos amigos, quando não precisamos deles para sermos felizes. Quando certos silêncios não incomodam, são como pausas, suspensões. Quando junto deles não tememos a distância, pois "saudade é uma espécie de lembrança nostálgica, lembrança carinhosa de um bem especial que está ausente acompanhado de um desejo de revê-lo ..." Quando os damos liberdade para não serem nossos melhores amigos, por mais que certos amigos são os melhores para gente. Quando permitimos o direito de não terem respostas e quererem decobrir o mundo longe da gente. Nossos amigos são como pequenos pedaços de amor que não pediram por favor e nem foram obrigados a estarem ao nosso lado, eles apenas estão e não precisa de entendimento racional para isso, não há questionamentos, há momentos construídos juntos. Nossos amigos não são nossas muletas, não são como nossa casa, nosso cachorro, nossa bicicleta...são como nossa família, mas diferente dela, pois não é como um integrante inerente, mas descoberto e itinerante. Eles não são nossa propriedade privada, por isso acho que não temos amigos, ter é possuir, ser dono, acho que conhecemos amigos, temos conhecimento, estabelecemos relações.
Quanto ao sorriso que compartilhamos nestes encontros e reencontros, creio que o sorriso foi a única coisa que Torre de Babel não destrui: a universalidade dessa comunicação. Deus permitiu que apesar de todas as diferenças de linguagem, pudessemos repousar na tranquilidade de quando não entendemos nada e sorrindo compreendemos tudo um do outro, pois apesar de toda sutileza, são nessas simplicidades sem palavras que falamos mais.
O sorriso não é caro para o nosso corpo, gastamos menos músculos para sorrir do que para permanecer sério, assim repousamos os músculos cansados de manter nossas pertubações para que repousando consigam transformar sem esforços os corações dos demasiadamente preocupados seres humanos.
Quanto a felicidade, não é algo móvel que cada hora está num lugar, como se fosse impossível um dia conhecê-la a fundo. Nós com essa estranha mania de querer vê-la em coisas que são efêmeras por natureza, nos perdemos e não conseguimos encontrá-la. Não há como ela estar escondida, pois ela não é um fim, é um caminho. Erramos ao achar que na vida sofremos para ter pequenos momentos de "felicidade", o que temos são pequenos momentos de alegria. Alegria é um sentimento agradável, vinculado a euforia e empolgação. Felicidade é um sentimento agradável também, mas de paz interna, de bem-estar. Não precisamos estar sempre eufóricos e histéricos para sermos felizes. O caso não é estar é ser, e ser é uma constante transformação, assim nos construímos a cada momento e a felicidade é assim também.
Devemos nos iludir menos e viver mais.
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional..."
(Carlos Drummond de Andrade)
E querendo sempre aprender com os outros é que conhecemos aquilo que no fundo sempre soubemos, mas somos egocêntricos e surdos demais para escutarmos palavras ditas por nós mesmos. O que realmente escondemos de nós somos nós mesmos. É por isso então que precisamos também dos outros, para eles é mais fácil nos encontar e com eles nos encontramos também.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Comentando sobre o menino

Era uma vez um menino, uma menina, um chapéu e um Senhor...
Tinha uma menina de grandes olhos verdes que um dia resolveu sair de casa com um chapeuzinho. As aventuras que viveria no caminho, a sua ingenuidade e incredulidade desconheciam.
Ela apenas sabia que de nada sabia e de nada queria saber, queria apenas sem saber o porquê dar um passeio pela floresta de concreto.
No meio do seu caminho tinha um menino de lindos olhinhos quase negros e de alma dourada. A menina não sabia ainda o porquê, mas ela se sentia segura em passear pelos caminhos de concreto na companhia do menino e adorava ouvir e falar de muitas histórias. O que ela mais gostava, além dos olhinhos dele, era participar de suas risadas e ver como ele ria dela. Acho que ele disse uma vez que a menina era uma palhaça linda.
O menino de olhinhos quase negros e alma de ouro tinha uma misteriosa profundidade que encantava a menina, mas a menina ainda não queria entender nem saber de nada. A menina só sabia que ele não era deste mundo, ela imaginava consigo que ele devia ser um ser encantado, uma mistura lúdica de “cavaleiro medieval” com “Don Juan”. Mas o que ela mais gostava de imaginar é que ele podia ser também um anjo tão iluminado que Deus resolveu mandá-lo pra cá pra levar um pouquinho de luz para as outras pessoas, ou melhor, era um anjo muito apaixonado por tudo e seu amor era tanto que ele acabou ficando pesado de amor e caiu do céu pra terra. E pra ela, como ele devia ser um ser meio anjo meio encantado, ele não teria se machucado com a queda.
Mesmo sem querer, a menina adorava imaginar como seria um dia andar de mãos dadas com o menino pelo caminho, mas ela tinha medo de pensar, e nem sabia o que pensava também o menino.
O menino tinha passos leves - por isso, ela achava que ele não era daqui- e via o mundo de um jeito diferente dos outros garotos que ela já tinha encontrado pela floresta. Ele tinha uma inocência madura; de seus lábios saiam palavras com aroma de baunilha e durante suas risadas apareciam bolinhas de sabão. A menina ficava cada vez mais inebriada, não conseguia acreditar em tudo o que acontecia, mas também não resistia a nada dessas coisas mágicas e inacreditáveis que aconteciam a sua frente. Ela era também muito curiosa. O que mais a impressionava era ver como um raio de sol aparecia no seu sorriso cada vez que ele resolvia sorrir pra ela.
Ele apreciava cada detalhe singelo do caminho e falava deste mundo com uma beleza e propriedade que ela desconhecia, ele via pelo caminho o que era simples e bonito, sempre suspirando mais profundamente quando falava do seu amor pelo seu Deus. Isso foi o que fez a menina querer suspirar também.
Havia um segredo que o menino não sabia, e ela havia se esquecido ou querido esquecer deste segredo também. Certo dia, em meio lágrimas de sal, a menina chorou a seu Deus imensas gotas de orvalho e quase se afogando nas próprias lágrimas, se entregou mais uma vez inteiramente a Ele, confiando-lhe todos seus tesouros e segredos mais profundos. A menina pediu colo ao seu Senhor, e Ele a abrigou carinhosamente, preenchendo cada buraquinho mal curado de seu coraçãozinho de cristal, e ela sabia que por ser de cristal, só não havia quebrado ainda porque seu Deus cuidava dele com muito zelo. Uma vez, seu Deus disse que a menina era para ele uma jóia rara e que queria que ela deixasse que ele cuidasse dela cada vez mais de pertinho. Mesmo com receio, pois essa menina era muito ressabiada, ela resolveu dar com toda sinceridade o seu bem mais precioso ao seu Senhor: ela entregou todo seu amor a Ele e pediu que Ele o guardasse, pois como a conhecia melhor do que ninguém, Ele poderia entregar todo esse amor a quem ele escolhesse. Ela confiou no seu Senhor.
A menina desde então, ficava sempre ansiosa, na expectativa de ver para quem seu Senhor entregaria seu tesouro. Ela tinha muito medo também, porque toda vez que ela por si mesma tentou entregar seu bem mais precioso e sincero para alguém, seu tesouro fora trocado, perdido ou esquecido. Ela depois, tinha que tentar achá-lo de novo, às vezes, jogado debaixo de qualquer tapete velho ou numa poça d’água. Isso sempre a entristecia muito e seu sorriso se apagava.
Este era seu segredo, mas ela não queria que o menino de olhinhos quase negros soubesse também e ela nem sabia o porquê.
Uma vez, durante um de seus passeios com o menino pela floresta de concreto, ele perguntou se ela andava sempre com os braços cruzados e ela sem entender respondeu que sim, mas com um tom de “o que é que tem demais nisso?”. De repente o menino a surpreendeu com um doce beijo, e naquele momento ela escutou fogos de artifício, viu margaridas no campo, sentiu cheiro de torta de morangos, brisa de verão, viu bolhas de sabão no sol, escutou um quarteto de cordas, sentiu seus pés saírem do chão e conseguiu até pegar uma estrela no céu. Ela não tinha idéia de que o menino podia fazê-la viver todas essas coisas num instante só e que ele tinha tantos presentes assim guardados pra ela.
No começo ela não entendia que seu tesouro já estava com ele, ela tinha medo de perceber que seu Deus tinha cumprido Sua promessa. Ela tinha medo do menino dar a volta ao mundo com suas mãos entrelaçadas às mãos dela e depois abandonar seu tesouro num cantinho qualquer no meio do caminho, ou trocá-lo por um outro belo par de olhos grandes.
Ela pediu ao seu Senhor que a fosse guiando e mostrasse se era mesmo o menino de olhinhos quase negros que Ele tinha escolhido para dar seu presente. A menina ficou feliz quando viu que era o menino que tinha ganhado seu tesouro.
A cada novo passo pelo caminho, a menina tinha cada vez mais certeza que o seu Senhor tinha tanto amor por ela que ele resolveu presenteá-la com um de seus anjos mais belos. Seu Senhor disse-lhe uma vez, que na verdade não havia sido uma escolha só Dele, mas que o anjinho escolhido era também um presente de sua Mãe, pois ele desde pequenino tinha sido criado por ela dentro de sua própria casa, e por isso era pra ela cuidar muito bem dele também, porque sua Mãe tinha um carinho muito especial por ele. Por um segundo, a menina ficou com medo de tanta responsabilidade, mas sentiu-se forte o bastante para poder cuidar deste presente tenro e raro.
Na verdade, o menino tinha sido enviado pra cá, não porque estava pesado de amor e levou um tombo do céu, mas para resgatar a menina de seus próprios medos, ensiná-la a amar de verdade e conduzi-la junto dele até o seu Senhor. Ele tinha a missão de começar por secar sua lagoa de lágrimas e plantar um jardim de tulipas amarelas no lugar.
Tiveram momentos que a menina pensou que seu menino poderia não gostar tanto do seu tesouro assim, por ser simples demais e não ser feito de jóias preciosas e detalhes raros, daqueles que só se encontram no centro da terra. Mas o que podia ela fazer? Não tinha como mudar seu tesouro e ela receava entregá-lo totalmente a quem depois poderia se encantar por outros tesouros próximos do dela.
Sem saber porque mas sabendo um pouco, ela confiou na escolha de seu Senhor e quis tentar ver como o menino ficaria com o tesouro dela. O que ela não esperava é que o menino queria muito cuidar dela e de seu tesouro, e prometeu respeitá-la imensamente, que o Senhor que era nosso iria nos acompanhar sempre de pertinho, cuidando de tudo.
O menino era um anjo cavaleiro. Toda vez que ele queria fazer-lhe elogios sinceros e meigos, ele parava o tempo e fazia surgir atrás da menina um arco-íris imenso que cruzava o céu de ponta a ponta, para que ela se sentisse especial. E ela, muito esperta, prestava atenção em cada detalhe.
Era uma vez, um menino que deu seu sim ao seu Senhor e que sonhava com um amor maior.
Era uma vez, uma menina que deu sim ao seu Senhor e que respondeu sim ao seu menino.
Era uma vez, um menino e uma menina que começaram a andar de mãos dadas...